O vendedor de lonas, Levi Strauss
A história dos jeans tem início em Nimes, uma cidade ao sul da França, por volta do ano de 1792. Feito de algodão sarjado, o tecido ficou conhecido como “tecido de Nimes”, expressão que com o tempo foi abreviada para “Denim”.
Anos depois foi descoberto por um alemão chamado Oscar Levi Strauss, que transformou para sempre a história do tecido. Durante o século XIX, acontecia nos Estados Unidos a corrida pelo ouro e os mineradores, responsáveis por todo o trabalho pesado, estavam sujeitos a todo tipo de intempérie, que acabava com as suas roupas rapidamente.
Em 1853, apareceu no velho oeste americano o jovem Levi Strauss, um judeu alemão que vendia lonas para cobrir as carroças dos mineradores. Mas o mercado estava saturado e os seus produtos começaram a acumular nas prateleiras.
Ao perceber que a roupa dos mineiros não era resistente o suficiente para as atividades que desempenhavam, levou o tecido que vendia para cobrir as carroças até um alfaiate e pediu que lhe fizesse algumas calças. Rapidamente as calças se tornaram um sucesso, mas essa popularidade veio acompanhada de incontáveis queixas: o tecido não era flexível.
Levi Strauss resolveu então procurar um tecido que fosse ao mesmo tempo resistente, durável, flexível e confortável de usar. Encontrou o tecido perfeito na Europa e passou a usar o tecido de Nimes em suas confecções.
Normalmente na coloração marrom, as calças passaram a ser confeccionadas com três bolsos que eram fixados com tiras.
O primeiro lote tinha o número 501 como código e este acabou se tornando o modelo mais famoso e clássico da Levi’s. Em 1860, seguindo uma recomendação do fabricante de capas para equinos, Jacob Davis, que dizia que, com o tempo, os bolsos das calças começavam a cair por conta do peso das pepitas de ouro, foram acrescentados dois rebites de metal para reforçar os bolsos.
Em 1886 começou-se a coser a etiqueta de couro no cós das calças. Já a cor azul índigo, tão popular, só começou a ser utilizada em 1890, como uma estratégia de tornar os jeans mais atraentes. Já os bolsos traseiros só foram aparecer em 1910.
As calças genes dos marinheiros de Gênova
Mas, se as calças eram feitas com o tecido de Nimes, foram criadas por Levi Strauss e eram usadas pelos mineiros, ferroviários e produtores rurais, de onde veio o nome Jeans?
Por serem robustas e duráveis, as calças começaram a ser utilizadas pelos marinheiros italianos que trabalhavam no porto de Génova. Esses marinheiros tinham o costume de chamar suas calças de trabalho de “genes”.
Quando pronunciavam a palavra “genes”, com o habitual sotaque italiano, a expressão acabou por se transformar em “jeans” e assim se espalhou pelo mundo.
Moda para todas as tribos
Com o passar do tempo, o jeans começou a se popularizar e na década de 30, quando apareceu em filmes que retratavam o clima western, tornou-se moda entre os cowboys norte-americanos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados norte-americanos passaram a usar uniformes confeccionados com o tecido, dando ao denim uma imagem de virilidade e, após a vitória dos aliados, o jeans se espalhou por todo o continente Europeu.
Na década de 40, os cowboys do asfalto, que montavam suas motos Harley-Davidson, passaram a trajar o jeans. Nesta época o jeans passou a ter uma imagem antissocial, já que as gangues de motociclistas aterrorizavam as cidades pequenas da Califórnia, por onde passavam.
Na década de 50, Marilyn Monroe, que encarnava o desejo das mulheres americanas, mostrou que a calça jeans não era apenas para trabalho, e sim para todas as horas.
Elvis Presley usou uma calça de brim em uma cena de um filme e fez com que a imagem do jeans e o rock nunca mais se separassem.
Já na metade da década de 60, com a ascensão do movimento hippie em São Francisco, o jeans assumiu o papel de roupa ideal, barata e funcional, com o qual as pessoas poderiam expressar sua própria identidade.
Figurino da rebeldia
No cinema o jeans se imortalizou e se disseminou entre os jovens da época, sobre a pele dos beatniks em filmes como “The Wild One”, com Marlon Brando, “On The Water Front”, e “Rebel Without a Cause” com James Dean, sendo inicialmente associado a movimentos de insurreição e à completa liberdade.
Com isso, a imagem rebelde do jeans se tornou tão forte, que o traje passou a ser proibido nas escolas e em lugares como cinemas e restaurantes. Depois de Elvis Presley, James Dean e Marlon Brando, vieram os Beatles, Bob Dylan e Jimi Hendrix, e o jeans continuou se colocando como peça principal do visual jovem.
A primeira vez que o jeans subiu nas passarelas foi ainda nos anos 70, durante uma apresentação de Calvin Klein, onde o estilista foi bastante criticado pelos mais conservadores.
A campanha publicitária da grife colocava a jovem Brooke Shields trajando uma calça jeans, e então, a seguinte frase: “Você sabe o que há entre mim e a minha Calvin? Nada”, dando início às campanhas ousadas e polêmicas da marca.
Lavagem de Pedra
Antes dos anos 80 o jeans era muito desconfortável, pois chegava engomado aos consumidores, sem nenhuma lavagem. Esse desconforto só desaparecia após algumas lavagens domésticas. Nessa época surgiram as lavanderias industriais, que passaram a ser responsáveis pelo amaciamento do jeans, proporcionando um toque diferenciado.
Com a criação do “stone wash”, nome conferido ao uso de pedras no processo de lavagem, as calças passaram a ter um efeito envelhecido, que permitiu a criação de vários tons de azul. Depois disso, a tecnologia no tratamento do jeans não parou de evoluir e atualmente o tecido não é mais trabalhado na lavanderia apenas na estonagem.
Com o tempo o jeans passou a receber vários processos, para ficar com efeito marmorizado, desbote em negativo, dirty (manchados), destroyed (destruídos), delavê (esbranquiçado), used (usado) e até imitar madeira e pele de animal.
Jeans em terras Tupiniquins
Alternando o posto com a China e a Turquia, ano a ano, o Brasil é o maior produtor de jeans do mundo, fabricando, em média, 350 milhões de peças por ano.
A explosão do nosso jeans se deve às famosas que procuravam a valorização do corpo e o ajuste perfeito das calças aqui produzidas, que ficaram conhecidas pela cintura baixa e por ser uma peça coringa no vestuário. Artistas como Alanis Morissette, Christina Aguilera, Meg Ryan, Jennifer Lopez e Britney Spears foram as primeiras a circular com marcas brasileiras.
Junte à essa criatividade a já consagrada sensualidade da moda brasileira e uma boa dose de empreendedorismo e pronto, está feita a receita que tornou o Brasil uma referência internacional em jeanswear! E você aí pensando que aquela sua calça jeans básica não tinha história!
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